Em 2020 eu dou início ao Projeto Reeducação do Imaginário com a leitura do primeiro livro da lista, qual seja Crime e Castigo, do autor Fiódor Dostoiévski.
CURIOSIDADES SOBRE O AUTOR E SOBRE O LIVRO
Fiódor Mikhailovitch Dostoiévski, nasceu em Moscou no ano de 1821, filho de um médico militar e de uma dona de casa que, desde de novo, o autor e seus irmãos foi incentivados pelos pais ao estudo da literatura.
Formou-se em Engenharia pela Academia Militar de Engenharia de São Petersburgo e, após a conclusão do curso, Dostoiévski iniciou o seu trabalho como escritor de romances filosóficos e psicológicos, bem como editor em revistas próprias e participação ativa na política.
Em abril de 1849, Dostoiéviski foi preso sob a acusação de conspiração em face do Czar Russo Nicolau I, ocasião em que foi sentenciado a morte e, posteriormente teve a pena convertida para oito anos de trabalhos forçados a ser cumprida na Sibéria.
Foi na prisão da Sibéria que Dostoiévski sofreu seu primeiro ataque de epilepsia, enfermidade que o acompanhou até o seu falecimento em janeiro de 1881. Tal doença também atinge várias de suas personagens, como o Príncipe Míchkin de O Idiota, Kiríllov de Os Demônios e Smerdiákov de Os Irmãos Karamazov.
No que tange ao livro Crime e Castigo, a história teve como inspiração o homicídio de um agiota e seu empregado visando o roubo de sua residência, cometido por um estudante chamado A.M. Danilov em 12 de janeiro de 1866. A história teve seus primeiros dois capítulos foram publicados em 1865 pelo periódico “O Mensageiro Russo”, obtendo um grande sucesso de crítica.
SOBRE A EDIÇÃO
A edição que eu possuo foi publicada pela Editora Martin Claret em 2004, no qual faz parte da Coleção Obra Prima de Cada Autor:
Por ser uma edição, que na época, tinha como intuito ter um preço acessível e em formato de bolso, a diagramação não tem espaçamento, as páginas são brancas, mas não impediu de realizar a leitura a contento:
Ademais, não levei em conta a acentuação, tendo em vista que a publicação deste livro foi anterior ao Acordo Ortográfico de 2009.
SOBRE A MINHA EXPERIÊNCIA DE LEITURA E A INDICAÇÃO DESTE LIVRO NO PROJETO REEDUCAÇÃO DO IMAGINÁRIO
ATENÇÃO: ALERTA DE SPOILER
A história é muito realista (Dostoiéviski pertence ao período do Realismo na Literatura), logo, eu li a obra intercalando com outras leituras de temáticas diferentes, pois houve momentos que, apesar da escrita ser muito fluída, os temas eram pesados e acredito que eu teria desistido do livro se tentasse lê-lo de uma só vez.
A história se passa durante o Império Russo e retrata a vida de Rodion Românovitch Raskólnikov, um estudante que comete um duplo assassinato e após a execução do crime se vê atordoado por seus próprios atos.
Conforme a leitura foi avançando, eu ia me sentindo cúmplice de Raskólnikov em seus pensamentos, em seus devaneios, em suas mudanças de humor e no fato de não conseguir confessar a execução do crime.
Também senti raiva, pois Raskólnikov é prepotente, julgador, dono da razão e covarde ao ponto de deixar pessoas inocentes responderem pelo o ato em seu lugar.
Achei a cena da confissão à Sônia, sobre a autoria do crime, muito comovente e factível, como se o fardo de Raskólnikov fosse tirado também de mim e contado à uma personagem que é retratada com a pureza do amor cristão:
“Vai agora, neste instante, pára em um cruzamento, inclina-te, beija a terra, que tu profanaste, e depois faz uma reverência a todo este mundo, em todas as direções que quiseres, e diz a todos, em voz alta: ‘Eu matei!’”
Nota-se, portanto, que a escolha de Crime e Castigo como primeiro livro da lista do Projeto Reeducação do Imaginário é totalmente compreensível, pois trata de temas como culpa, arrependimento e redenção de uma forma muito realista e tocante.
Vemos, através da narrativa, como a ganância, a cobiça e a ambição, sem medição das consequências, é capaz de cegar o homem e levá-lo a cometer um ato tão bárbaro como o homicídio.
Ademais, a dificuldade de confessar o cometimento do ato ilícito e de se redimir é um caminho tortuoso para o criminoso, mas ao realizá-lo, de forma verdadeira, é capaz de mudar a visão do indivíduo sobre ele mesmo e de todos ao seu redor:
“Na noite do mesmo dia, quando o quartel já estava fechado, Raskólnikov, deitado na tarimba, pensava nela [Sônia]. Nesse dia até lhe pareceu que todos os galés, antes seus inimigos, já o olhavam de modo diferente. Ele mesmo começou a conversar com eles, e lhe respondiam de modo carinhoso. Agora ele se lembrava disso com esforço, mas era assim que devia ser: acaso tudo não devia mudar agora?”
“Raskólnikov abre o Evangelho, de que até então apenas escarnecera. Mas, pensando em Sônia, para quem aquele era o único livro sobre a terra, ele pergunta-se: “Será que agora as convicções dela podem não ser também as minhas convicções? Os seus sentimentos, as suas aspirações, ao menos…”
É um livro difícil de ser lido devido ao peso da culpa que você carrega juntamente com o protagonista, o fato de tirá-lo de sua zona de conforto não só com as atitudes do protagonista, mas também com os atos de outras personagens.
Mas mesmo assim, eu indico muito a leitura de Crime e Castigo pelo poder da narrativa e a mensagem que ela nos deixa.
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Um grande beijo e até o próximo post!!
Um comentário em “Resenha da obra Crime e Castigo, de Dostoiévski”