Dicas de como se preparar para o Vestibular

Como divulgado no último post aqui no blog, o Magia das Palavras inicia um novo projeto de leitura direcionado ao resumo/resenha dos livros indicados para o vestibular da Fuvest.

Logo, nada melhor do que iniciarmos esta jornada através de um bate-papo com alguém, sendo esta pessoa o Eduardo (meu marido), relatando a sua preparação para a prova da Fuvest, bem como sua experiência nas provas prestadas na adolescência, com foco na preparação IME/ITA.

Bora para o bate-papo???

Como foi a sua experiência com o vestibular? Como foi para você a preparação para IME/ITA e para a Fuvest?

Eduardo: A primeira coisa é que há uma separação temporal de 12 anos entre estas provas. O primeiro (IME/ITA), que eu prestei em 2003, a preparação para as provas eram direcionadas as matérias de exatas (física, química e matemática), bem como português e inglês.

Não havia a cobrança de literatura?

Eduardo: Não existia a cobrança, na minha época de literatura. Somente o uso de idioma (instrumental), português e inglês. 

Nesta mesma época, eu prestei também as provas para a Universidade Federal do Paraná (UFPR) e PUC/Paraná, estes vestibulares já havia a cobrança das demais matérias, como biologia, história, geografia e literatura.

Você ainda se lembra do tipo de questão da PUC/Paraná e UFPR? Eram questões parecidas com a da Fuvest?

Eduardo: O tipo de questão costumava ser bem diferente, tendo em vista na PUC/Paraná, por exemplo, as questões eram de múltipla escolha e da UFPR era um sistema de somatória (uma errada anulava a questão inteira).

Do que você lembra em relação a sua preparação para o estudo de literatura do seu primeiro vestibular para o segundo vestibular? 

Eduardo: A minha primeira experiência está muito distante na minha memória, mas o que eu poderia traçar em paralelo é que, as questões de literatura são cobradas com base em duas vertentes principais:

 A) contexto da literatura em si (escolas literárias e suas características; o contexto histórico de cada escola literária; o tipo de corrente ideológica (houve uma questão da Fuvest 2014 que foi neste sentido)).

B) experiência ao ler a obra indicada, levando em conta aqui como é a narrativa do autor, a construção das personagens, como a história reflete a visão de mundo do autor.

Acredito que estas vertentes prevalecem até hoje, mudando somente o perfil dos livros cobrados. Eu lembro que tinha uma carga bem menor de livros mais modernos. O único que eu lembro que foi cobrado na minha época foi Capitães da areia do Jorge Amado.

Eu me recordo que até Sermões do Padre Antônio Vieira tinha o potencial de ser cobrado. Já hoje em dia, parece impossível este tipo de cobrança.

Como foi a preparação para as provas (vestibular) do Eduardo aos 16 anos?

Eduardo: Como eu disse, IME/ITA foca exclusivamente nas matérias de exatas. A prova de português e inglês do IME/ITA era comparável a cobrança dos demais vestibulares, ao passo que a cobrança de matemática, física e química era bem maior.

Quem se prepara para o IME/ITA costuma ter uma estratégia um pouco diferente quando vai prestar outros vestibulares, como foi o meu caso para a PUC/Paraná e UFPR, pois como seu nível de matemática, física e química eram bem mais altos do que a prova exige, você adota uma visão de “eu tenho que ir muito bem nessas matérias,tenho que ir bem em português e inglês e as demais matérias (história, geografia e biologia), eu tento sobreviver, já que o estudo destas matérias fica abandonado (somente resumos) durante a preparação para o IME/ITA.

Com relação a Fuvest como foi a sua experiência, depois de uma faculdade concluída, depois de um mestrado e depois de vivenciar outros tipos de experiências?

Eduardo: O vestibular da Fuvest para mim foi quase que uma “não preparação”, tendo em vista que este vestibular tem como característica uma primeira fase de múltipla escolha, onde todas as disciplinas são cobradas e, uma segunda fase dissertativa mais direcionada, de acordo com o curso escolhido.

Eu quase não estudei, mas foi possível passar no vestibular, porque apesar de na minha preparação para IME/ITA eu não ter estudado história e geografia, eu sempre fui um bom aluno nestas matérias, logo, mesmo passada esta fase, eu mantive a minha curiosidade ativa através da leitura de livros de história diversos, como por exemplo, período imperial no Brasil, independência americana, revolução francesa, que se você for ver é o que é cobrado no vestibular.

Logo, eu via essas matérias de uma maneira que não me desgastou, já que eu lia por curiosidade e não por obrigação. Quando chegou na prova, as questões pareciam simples destes assuntos.

Com relação a português, a experiência do estudo para concurso público, elevou o meu conhecimento da matéria, se comparado ao Eduardo de 2003. Logo, ao prestar o vestibular da Fuvest, a minha pontuação na matéria foi muito boa, pois o meu conhecimento permaneceu com a experiência do estudo para concurso público.

Já para a prova de literatura, eu acabei não lendo os livros indicados, eu os que eu li foram há 15 anos atrás. Então, eu tive que sobreviver com o que eu lembrava sobre as escolas literárias e com o meu conhecimento de história, que era um ponto mais forte para mim, e fiz a prova da primeira fase, que são questões de múltipla escolha.

Já para a prova discursiva, aí já envolve perguntas mais específicas, que somente com o conhecimento generalista se torna mais difícil a resolução da prova.

Mas você sentiu essa dificuldade na segunda fase?

Eduardo: Sim, mas tentei manter o foco nas outras questões de português, que a matéria era conhecida. Assim, o fato de um não responder corretamente ou da forma desejada às questões de literatura não tornaram inviável a minha aprovação.

Então, acabou coincidindo que as específicas para o curso de Direito são história, geografia, português, redação e matemática. 

Curiosamente matemática, para um engenheiro da computação, acabou ficando abandonada por causa das funções que eu exerci depois de formado. 

Logo, você fazer questões sobre temas que você não vê há 10 anos se torna complicado, pois você olha o exercício, sabe que tem um macete para resolvê-lo, mas não lembra do diacho do macete, porque já faz muito tempo que você não estuda sobre o assunto. Eu parecia Euclides demonstrando as fórmulas durante a resolução da prova. 

Eu fiz a prova de matemática praticamente com o Teorema de Pitágoras, definição de seno/cosseno e na raça ali, tendo em vista que a minha memória de fórmula era bem pequena, o conhecimento estava em algum lugar inacessível do cérebro naquele momento e não estudei nada, o que torna o resultado bem mais difícil de ser alcançado.

Como foi a questão emocional durante a realização das provas para o Eduardo de 2003 e para o Eduardo de 2014?

Eduardo: Eu sempre consegui manter a calma e relaxar durante a execução da prova. Eu acho que o ambiente de silêncio ajuda e para mim, sou somente eu e a questão ali na frente.

Com relação a administração de tempo durante a prova, eu não costumo ter problema, exceto em matemática, como eu relatei anteriormente. 

O paralelo que eu faço é o técnico Bernardinho do vôlei, você vai lá comemora o ponto que conseguiu e vai para a próxima jogada como se o jogo ainda estivesse 0x0. Ir tentando ganhar cada ponto e deixando de lado, naquele momento, o real placar do jogo.

Na prova, é tentar pensar na questão individualmente e não gastar energia com aquilo que não te parece muito claro ou com aquilo que você não tem aquela sensação de que você sabe o caminho, mas tem que dispender um pouco de energia para a resolução. 

Acho que uma boa ordem para realizar a prova de múltipla escolha integralmente para mim é:

  1. fazer cada questão, dando foco naquilo que é fácil;
  2. ao final da prova, eu volto e faço uma segunda rodada de questões que não foram respondidas, filtrando as questões de dificuldade média, que são aquelas que você tem o conhecimento, mas depende de um pouco mais de atenção para chegar no resultado;
  3. marcar as questões que definitivamente você acha que é a resposta e excluir as alternativas que são absurdas (alternativas que estão fora da matéria,  temas específicos e uma das alternativas você tem certeza que não é relacionada a questão, aumentando a chance de acertar o chute).
  4. Feito este procedimento, eu olho para o relógio para saber como eu estou com o tempo disponível, caso eu ainda tenha muito tempo, eu passo para a resolução das questões que estou com dúvida na resposta, mas já tento pré-selecionar a que seria a correta;
  5. Depois de ver a prova capa a capa três vezes, eu olho novamente para o relógio e vejo se já é o momento de transcrever as respostas para o gabarito.

Já para a prova discursiva, a ordem acima serve para filtrar as questões que você tem mais certeza e ir respondendo daquelas, cujo tema você não tem domínio ou não sabe, deixando para as próximas rodadas a resolução. 

Eu tento usar o máximo da minha energia mental para as questões que eu tenho certeza e estou descansado para responder e, as demais, que são as questões que você não tem certeza, normalmente o enunciado dá uma pista daquilo que o examinador quer e tentar demonstrar o conhecimento que você tem sobre o assunto, mesmo que superficial.

Com relação ao planejamento de estudos para o vestibular, seja para quem trabalha ou não trabalha, que dicas você daria?

Eduardo: Eu acho que qualquer prova que seja competitiva, você tem que pensar em como você chega no objetivo. Isso atrapalha bastante com quem é perfeccionista, pois provavelmente, a pessoa vai querer saber tudo do inicio ao fim da matéria. 

Logo, você tem que pensar:

  1.  Onde está o seu conhecimento das matérias hoje. Pegue uma prova de vestibulares anteriores e tente resolver. Assim você tem  diagnóstico de como está o seu conhecimento de cada matéria e qual será o seu foco inicial.
  2. Onde você quer chegar. A pontuação do vestibular (a nota de corte) oscila três pontos para mais ou para menos. Com base nisso, você pode traçar como meta onde você precisa chegar, analisando cada matéria e vendo qual matéria você tem mais potencial em ganhar pontos com menos esforço. 

Por exemplo, quando eu prestei IME/ITA, eu tinha dificuldade em química orgânica, logo, eu sabia que de dez questões de química, uma ou duas seriam de química orgânica. Logo, a minha estratégia foi esgotar tudo aquilo que tinha para se aprender de física e química e não estudar nada de química orgânica. 

Quando cheguei na prova, foi exatamente o que aconteceu, as questões que não envolviam química orgânica eu consegui resolver, pois eu esgotei o conteúdo e desprezei a matéria que eu tinha mais dificuldade e não era tão cobrada na prova.

  1. Faça uma nova avaliação do meu estudo e trace novamente uma nova estratégia aumentando a carga de revisão do conteúdo onde você tem mais dificuldade.

Com relação a ambiente de estudo, você daria alguma dica?

Eduardo: O mais silencioso possível e onde você tem menos possibilidade de interrupção. A minha preparação para a primeira faculdade, eu estudava na biblioteca. 

Já para a segunda faculdade, eu estudei em casa, onde já existia os smartphones, os notebooks já eram mais acessíveis, a internet não é mais discada e existem as mais diversas redes sociais. 

Logo, o que você puder evitar de distração é melhor para não diminuir o rendimento e a motivação, tendo em vista que a pessoa que mais tem potencial de te sabotar é você mesmo. 

Crie um ritual, um hábito, para o seu cérebro entender que é o momento de virar a chave entre hora de relaxar e hora de estudar.

Deu certo para você ouvir música enquanto estudava?

Eduardo: Eu estudava ouvindo música instrumental ou clássica, só que com 16 anos tinha aqueles discman que só servia para ouvir música, ao passo que hoje, o estudante ouviria no celular ou no notebook, o que é um perigo, porque o celular e o computador servem para cinquenta coisas mais interessantes que estudar, principalmente algo que você tem dificuldade, pois vai ficando chato, logo, tudo é um convite para distração.

Dicas finais do Eduardo para quem está se preparando para prestar o vestibular:

  1. O que você puder fazer de simulado e resolução de questões faça, pois isto reduz o grau de surpresa durante a prova e as questões tendem a se repetir ou possuem uma mudança de padrão muito pequena;
  2. Não se desespere caso você consiga cobrir toda matéria da maneira que você deseja ou idealiza, pois nunca vai dar cobrir toda matéria. 
  3. Faça um bom uso do seu tempo durante a preparação e na hora da prova, não pense no passado, mas foque naquele momento (você e a questão que está na sua frente), e tente desvincular a emoção dos próximos passos.
  4. Evite distrações durante o estudo
  5. E, principalmente, para quem é mais novo, tente tirar um pouco a pressão de si mesmo, pois um ano parece muito tempo quando nós temos 16 ou 17 anos, que a nossa vida está ficando muito para trás ou que a nossa vida vai acabar caso não dê certo. 

Falo isso por experiência própria, a nossa vida seja ela profissional ou pessoal, segue destinos que a gente nem imagina. Logo, fazer mais um ano de cursinho ou estudar por mais um ano para o vestibular não é o fim do mundo.

O mais importante é tentar e não se deixar abater pela não aprovação ou minar a sua vontade de continuar.

PS: O Eduardo passou aos 16 anos no vestibular do IME (Instituto Militar de Engenharia, localizado no Rio de Janeiro) em 2003, concluindo o curso de Engenharia da Computação em 2008. Em 2014, passou no vestibular da Fuvest para o curso de Direito, concluindo a faculdade em 2019.

E aí? Está estudando para o vestibular?

Compartilha aqui comigo como está a sua preparação!!

Um beijo e até o próximo post!!

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