Resenha da obra A montanha mágica, de Thomas Mann

Capa do livro publicado em 2016 pela Editora Companhia das Letras

Sexto livro do Projeto Reeducação do Imaginário, e o primeiro livro que eu leio do autor alemão e ganhador do Prêmio Nobel de Literatura, Thomas Mann.

SOBRE O AUTOR E A OBRA

Thomas Mann, foto contida na Edição da Companhia das Letras

Thomas Mann foi um escritor alemão, considerado um dos maiores escritores do século XX. 

O autor nasceu em Lübeck, Alemanha, no dia 6 de junho de 1875. Era filho do rico comerciante Johann Heinrich Mann e da brasileira Júlia da Silva Bruhns.

Em 1892, com a morte do pai, que deixou uma ótima herança, a família se mudou para Munique, centro das artes e da literatura, local onde Thomas completou sua formação.

Em 1893, o autor foi para a Itália, onde morava seu irmão o escritor Heinrich Mann, permanecendo no país até 1898. Nessa época iniciou seu trabalho no manuscrito do romance “Buddenbrooks”, pelo qual ganhou o Prêmio Nobel de Literatura em 1929.

Durante a Primeira Guerra Mundial, Thomas Mann ficou ao lado daqueles que defendiam o nacionalismo alemão, mas o militarismo cruel que se instalou no país abalou profundamente seus ideais e convicções.

Opositor do nazismo, depois da ascensão de Hitler ao poder, Thomas Mann deixa a Alemanha em 1933 e se exila em Küsnacht, na Suíça, onde permaneceu até 1938, quando se mudou para os Estados Unidos. 

Thomas Mann faleceu em Kilchberg, próximo a Zurique, na Suíça, no dia 12 de agosto de 1955.

A obra “A montanha mágica” foi publicada em 1924, na qual retrata a concepção do autor sobre os ideais democráticos de uma Europa esfacelada pela Primeira Guerra Mundial.

SOBRE A EDIÇÃO

A edição pela qual eu fiz a minha leitura foi a publicada pela Editora Companhia das letras em 2016 e conta com a tradução do brilhante Hebert Caro e posfácio de Paulo Astor Soethe.

O livro conta com uma introdução, denominada “Propósito” mais sete capítulos divididos e vários subtítulos, totalizando 829 páginas de narrativa, mais o posfácio que vale muito a leitura.

MINHA EXPERIÊNCIA DE LEITURA E INDICAÇÃO INDICAÇÃO DESTE LIVRO PARA O PROJETO REEDUCAÇÃO DO IMAGINÁRIO

ATENÇÃO: ALERTA DE SPOILER

Com a conclusão da obra, eu posso garantir que este livro tornou-se um dos favoritos da vida e que no futuro eu pretendo fazer a releitura deste clássico.

O livro, a apesar de enorme (a minha edição contém 848 páginas), também é enorme em ensinamentos e reflexões sobre o tempo e sobre a morte.

A narrativa nos contará a história de um jovem de 23 anos, chamado Hans Castorp, recém-formado em Engenharia Naval em Hamburgo, sua cidade natal. Órfão, foi criado por seu tio, o cônsul Tienappel e dono de uma ótima herança deixada por seus pais.

Antes de assumir sua vaga na firma Tunder & Wilms (estaleiro, fábrica de máquinas e caldeiras), Castorp realiza uma viagem, de três semanas, para Davos-Platz, especificamente ao Sanatório Internacional para Tuberculosos Berghof, onde seu primo Joaquim Ziemssen se encontra.

Saliento aqui que Hamburgo é uma cidade portuária alemã, na qual nos mostra o tempo do comércio, da produção, do dinheiro. Esta visão de tempo é muito importante para a compreensão do romance e para o estabelecimento de um paralelo entre a Montanha e a Planície.

Ao chegar no Sanatório, Hans Castorp se diz saudável e em um primeiro momento acha o local enfadonho, pois a rotina de tratamento para a tuberculose se baseia em alimentação e repouso em um ambiente seco e com ar rarefeito. 

Aqui, saliento o diálogo de apresentação de Hans Castorp ao Diretor-Médico do sanatório, o Dr. Behrens, no qual ele diz ao nosso protagonista que até hoje nunca conheceu alguém saudável na vida e que a medida de tempo não é feita em segundos, minutos ou semanas, mas sim em meses e anos.

Nestas três primeiras semanas, nós conheceremos várias personagens peculiares e caricatas como o italiano iluminista Setembrinni, os russos aristocráticos e ordinários, a sociedade do meio-pulmão e a futura dona do coração do nosso herói, a russa Clawdia Chauchat.

Acredito que devido a esta paixão, ao meu ver totalmente não correspondida, Hans Castorp encontra-se também com tuberculose, pois ele precisa de algum motivo plausível para os seus parentes na planície, a fim de ficar mais tempo na Montanha.

Como era rico, não precisava trabalhar e poderia viver muito bem dos juros de sua herança, a fim de arcar com a sua nova morada.

E assim, meus caros leitores, o tempo na Montanha fica suspenso, a luta pela sobrevivência fica suspensa e é o que faz a Montanha ser tida como mágica e distante da vida na planície.

A vida na Montanha impedia de ver o que acontecia lá embaixo, qual seja a iminência da primeira guerra mundial. Nota-se que este livro foi escrito quando já havia acabado o evento bélico citado.

Ademais, a narrativa não possui nenhuma ação, tendo em vista que a mesma sempre irá se basear na rotina, já descrita acima, da vida no Sanatório, mas este microcosmo conta com personagens e diálogos que te levam a refletir sobre as questões da época e de sua visão de mundo, como é o caso do Setembrinni e do Naphta, um judeu convertido ao cristianismo e da ordem dos jesuítas.

Através destas duas personagens, nós teremos os diálogos mais conflituosos sobre filosofia e sobre a vida. Do holandês Mynheer Peeperkorn aprendemos sobre dinheiro e poder; nós temos também o próprio Dr. Behrens, que em todo o romance eu achei esta personagem um louco e questionei em vários momentos sua postura como médico; e a alienação dos demais pacientes com o mundo exterior.

Na medida em que a leitura flui, você percebe que a Montanha, descrita inicialmente como uma paraíso, nas verdade é um inferno, pois é um local em que poucos saem com vida e que na realidade representa um local a espera da morte.

Saliento os subtítulos mais bonitos do livro para mim denominados “Neve”, na qual nosso protagonista reflete sobre a sua vida na planície e na montanha, bem como “Como um soldado, como um valente”, referente ao Joaquim Ziemssen valem muito a pena serem lidos caso você esteja na dúvida da leitura desta obra.

Ao final do romance tomamos o conhecimento de que Hans Castorp chegou ao sanatório em 1907 e ficou lá por sete anos, descendo a planície para lutar na primeira guerra mundial, na qual não sabemos se o mesmo sobreviveu ou não.

Acredito que pelo tom de despedida do autor ao narrar este retorno ao “mundo real”, nosso herói não tenha sobrevivido, mas tenha acordado para a realidade ao seu redor.

Sobre a indicação do livro ao Projeto Reeducação do Imaginário, A Montanha Mágica apresenta ao leitor questões que transcendem a história em si, ou seja, faz o leitor perceber a relação cotidiana entre a vida e a morte, entre reflexão e atividade não refletida, criando assim nossa própria subjetividade.

Vejo a obra como uma redefinição do tempo de uma sociedade em crise e incapaz de se ver a beira de uma catástrofe, como foi a Primeira Guerra Mundial. 

É um livro que te faz pensar filosoficamente no sentido das coisas e da vida no decorrer do tempo, razão pela qual indico imensamente a leitura desta grande obra.

Já leu este livro ou algum livro do Thomas Mann??

Deixa aqui nos comentários a sua opinião!!

Um beijo e até o próximo post!!

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4 comentários em “Resenha da obra A montanha mágica, de Thomas Mann

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