FUVEST: Resumo e análise da obra Minha vida de menina, de Helena Morley

Capa do livro publicado pela Companhia das Letras

SOBRE A AUTORA

Helena Morley é um pseudônimo de Alice Dayrell Caldeira Brant, nascida em 28 de agosto de 1880, na cidade de Diamantina – Minas Gerais e seu falecimento foi aos noventa anos de idade em 1970, na cidade do Rio de Janeiro.

Os sobrenomes da autora vem de seus avós, assim Dayrell é seu sobrenome paterno, tendo em vista que seu avô era um médico inglês que estabeleceu morada, junto com sua família, em Diamantina para o exercício da profissão e de seu pai, no livro chamado Alexandre, que trabalha no garimpo de diamantes e ouro na cidade.

O sobrenome Caldeira é materno, seu avô também era minerador e devido a atividade, conseguiu fazer sua fortuna. Já o sobrenome Brant adveio com o casamento com o seu primo Augusto Mario, do qual contraiu bodas aos vinte anos de idade.

Com o casamento, Alice foi morar no Rio de Janeiro, onde sua vida simples foi alterada devido a ascensão social, pois seu marido era um político muito influente na época.

Aos sessenta anos de idade, a autora reencontrou os seus diários e mostrou as suas netas, a fim de apresentar as diferenças dos costumes da vida na sua época de menina para a vida, já atribulada, da época de suas netas.

Os diários fizeram tanto sucesso entre seus familiares e amigos, que Alice incentivada pelos demais, resolveu em 1942 publicar o livro Minha Vida de Menina. O livro caiu nas graças do público e críticos literários da época, devido a simplicidade de narrar fatos cotidianos da vida, dos costumes e tradições sem o uso de artifícios de invenção ou linguagem rebuscada.

SOBRE A OBRA 

(engloba contexto histórico/cultural, enredo e estilo narrativo)

Ao longo da adolescência, dos 12 anos aos 15 anos recém-completados, a autora escreveu um diário (incentivada por seu pai) sobre sua vida, de sua família, dos vizinhos e dos costumes presentes no século XIX. 

Nota-se, portanto, que o livro em tela apresenta a estrutura de um diário pessoal (não tem um enredo de começo, meio e fim), na qual descreve fatos ocorridos em Janeiro de 1893 a Dezembro de 1895, em Diamantina – MG.

Por ser um diário pessoal, nós teremos como “personagens” a própria autora e sua família composta por seus pais Alexandre e Carolina, seus irmãos Renato, Nhonhô e Luisinha, sua avó materna tão amada e querida Dona Teodora.

A família era muito simples e não vivia de luxo, pois no decorrer da narrativa você percebe que o pai de Helena nunca teve muita sorte no garimpo, razão pela qual, a família passava por algumas dificuldades financeiras.

A condição era tão delicada, que não permitia que a família tivesse ajuda doméstica de empregados, na maior parte negros alforriados (já tinha sido promulgada a Lei Áurea em 13 de maio de 1888), como podemos ver no relato da menina da época. 

Logo, ela, seus irmãos e sua mãe eram responsáveis pelos afazeres de casa para sobreviver, enquanto o pai estava no garimpo e só retornava para casa aos finais de semana.

Sua avó materna é a matriarca da família, pois devido a sua situação financeira estável conseguia ajudar a todos os filhos e ainda dedicar total atenção a Helena, que era sua protegida.

A morte da avó, aos 84 anos, em 1895 foi um dos momentos mais marcantes da narrativa, tanto é que Helena descreve que gostaria de não ter conhecido tanto a sua avó, pois só assim não sentiria tanta saudade e tristeza pela sua partida.

Além da rotina da família, a autora também descreve seu cotidiano na Escola Normal (seria o magistério ou pedagogia de hoje). Aqui fica o adendo que a profissão de professora era a única atividade possível de se obter algum rendimento para as mulheres da época.

Contudo, Helena não era muito de estudar, sempre passava de ano no sufoco e trocava os estudos pela possibilidade de se sentir livre e de aproveitar a vida ao máximo brincando.

Na época de férias escolares, a família vai para Boa Vista (região rural da cidade de Diamantina), local em que o pai de Helena trabalhava. Era uma forma da família ficar mais perto do pai também.

Além de Boa Vista, a história também se passa na chácara da avó materna de Helena, um lugar muito grande e com uma horta muito bem cuidada e variada em seu cultivo. O local é o ponto de encontro de todos os filhos e primos, logo, a alegria é garantida.

POSSÍVEIS QUESTÕES PARA O VESTIBULAR

Acredito que este livro poderá ser cobrado de forma intertextual ou até como comparação da vida no século XIX com o estilo de vida dos dias atuais, lógico, sempre levando em conta o bom senso (é o que esperamos, no mínimo das bancas):

  • Questões como o racismo (o tratamento inferior aos negros em comparação com os brancos, mesmo após a aboliação da escravidão no país);
  • Questões sobre o papel da mulher na sociedade daquela época (principalmente com relação ao casamento e até da dependência financeira dos maridos) ou até mesmo da evolução do papel da mulher na sociedade,
  • A política também poderá ser cobrada como fonte de comparação com os dias atuais. Há até uma passagem no livro que fala sobre o voto de cabresto, podendo até ser cobrada de forma intertextual com a disciplina de História.

MINHA EXPERIÊNCIA DE LEITURA

Confesso que nunca tinha ouvido falar na autora e nem em sua obra, tanto na época da escola, bem como hoje até a realização do Projeto Fuvest aqui no blog. Mas, para a minha surpresa, eu posso afirmar que eu adorei o livro.

A leveza na narrativa torna a obra agradável de ser lida e apreciada. A felicidade descrita, mesmo com todos os trabalhos domésticos que precisam ser feitos para a sobrevivência e das adversidades não impediram de você, como leitor, se sentir feliz pela narradora, uma menina estonteante que conseguia aproveitar a sua vida ao máximo.

Indico muito a leitura deste livro para quem está a procura de leveza, alegria e vontade de ver a vida sendo vivida e apreciada de um forma simples e linda de se acompanhar.

Um beijo e até o próximo post!!!

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