
Aproveitei a promoção do E-book desta obra, lançada pela Editora Antofágica este ano na Amazon (pasmem… eu paguei R$ 0,25!!!), e confesso que foi o dinheiro mais bem investido em um livro e abaixo eu te mostro o porquê.
SOBRE O ENREDO
A história tem como pano de fundo um mundo dividido em Euroásia, Lestásia e Oceania, sendo nesta, localizada uma Londres totalitária, denominada no livro como Pista nº 1.
É através deste “universo” que nos é apresentado como protagonista Winston Smith, um funcionário público que trabalha no Ministério da Verdade, reeditando notícias do The Times e destruindo, através de um tubo pneumático, todas as evidências que apontam para o contrário do que será reeditado.
Deixo abaixo, algumas ilustrações feitas por Rafael Coutinho que nos mostram de forma fiel, o mundo em que vivia o nosso protagonista:





A forma que o autor descreve a rotina de Winston, tanto no trabalho quanto em casa, é cristalina e nos faz vislumbrar uma vida ligada no piloto automático ou até mesmo uma vida em que não se pode sair pela tangente em nenhum momento.
De início, Winston nos parece indiferente a tudo o que está ao seu redor, isto é, não demonstra nenhum sentimento de revolta contra o regime totalitário do Grande Irmão, contra a ideologia pregada pelo Partido, qual seja, a Ingsoc, contra as pessoas, principalmente durante os Minutos de Ódio (ataques ao traidor do regime Emmanuel Goldstein).
Conforme a narrativa evolui, vemos que Winston não concorda com o regime imposto, mas não tem forças para lutar contra o sistema, logo, só lhe resta desabafar em seu diário o que ele realmente pensa e escondê-lo para não ser preso por seus pensamentos.
Todavia, este sentimento de ódio ao Grande Irmão virá à tona através das personagens O’Brien (membro do Partido Interno, no qual Winston vê uma certa cumplicidade de pensamentos contra o sistema) e de Julia, que se torna amante do nosso protagonista.
No que tange a relação com Julia, tal relacionamento não é permitido, tendo em vista que Winston é divorciado e relações sexuais são vistas como crime pelo Partido.
Nota-se, portanto, que o regime e ideologia do Grande Irmão tem como objetivo controlar a vida das pessoas, através da Teletela, seus pensamentos, bem como controlar a forma como elas se comunicam.
Esse controle de comunicação é feito através da Novilíngua, um idioma capaz de exterminar qualquer expressão contrária aos ideais do Partido. Aqui, ressalto a palavra “duplipensar” que significa acreditar em duas ideias opostas e aceitar ambas, bem como o nome do Ministério, no qual Winston trabalha, o da Verdade: retificação de notícias através de mentiras impostas como verdades absolutas pelo Partido.
SOBRE A OBRA E AUTOR
Ao pesquisar sobre a obra e sobre o autor, vi que o livro foi escrito em um momento conturbado da vida de George Orwell (seu nome de batismo era Eric Arthur Blair), o mesmo tinha acabado de se tornar viúvo, pai solteiro, sofria de tuberculose (falecendo da doença em janeiro de 1950), bem como vivenciava há um bom tempo a Guerra ao seu redor.
Logo, o romance 1984 pode ser visto como uma metáfora sobre o poder, já que para o autor, o objetivo de qualquer Guerra não é vencer o inimigo ou defender uma causa, mas sim, manter o poder nas mãos das mesmas pessoas que provocaram o evento bélico.
Com a Guerra, nós limitamos o acesso à educação, à cultura e a vida dos cidadãos. Daí, vem o lema do Partido e ideologia do Grande Irmão “guerra é paz, liberdade é escravidão, ignorância é força.
SOBRE A MINHA EXPERIÊNCIA DE LEITURA
Ademais, acredito que poucos autores conseguiram descrever de uma forma tão real a tortura sofrida por Winston e todos aqueles que foram “condenados” como opositores ao Regime do Grande Irmão. Aqui fica a ressalva da cena da tortura com os ratos que é de arrepiar só de lembrar.
A leitura deste livro é envolvente, fluída, incômoda e profética, sendo esta última característica dita no sentido comparativo com os dias de hoje, isto é, como a tecnologia pode tirar de você a sua privacidade ou até mesmo intervir na forma de pensar, um exemplo claro são as Fake News.
Há também quem diga, e de certa forma eu também concordo, que a tecnologia serviu também para exibir a sua privacidade nas redes sociais e em outros meios de comunicação, utilizando esta forma como captação de público para a venda de uma imagem ou produto, como é o caso do Instagram, Facebook e até mesmo o programa Big Brother (o idealizador do programa John de Mol, jura de pé junto que não se inspirou na personagem do livro 1984 para dar nome ao reality show).
SOBRE AS ADAPTAÇÕES DA OBRA PARA O CINEMA
Saliento que há duas adaptações para o cinema inspiradas no livro, sendo a primeira lançada em 1956 (você encontra facilmente no Youtube para assistir), bem como uma lançada coincidentemente (ou não), em 1984:

Sinopse: 1984, Londres. O Reino Unido está sob o regime socialista, sendo controlado com mão de ferro pelo partido. Há em todo lugar telas de TV, que servem como os olhos do governo para saber o que os cidadãos fazem. No intuito de controlá-los são exibidas constantemente imagens através destas mesmas telas, relatando as batalhas enfrentadas pela Oceania em outros continentes. Winston Smith (John Hurt) vive sozinho e trabalha para um dos departamentos do governo, manipulando informações de forma que as notícias sejam positivas para a população. Até que, um dia, ele passa a se interessar por uma colega, Julia (Suzanna Hamilton), que o leva até os arredores da cidade. Eles passam a ter um relacionamento, algo proibido pelo partido, que deseja eliminar a libido na população.
Recomendo muito a leitura, e pergunto para quem já leu o livro, se também notou este tom profético de George Orwell.
Um beijo e até o próximo post!!
2 comentários em “Resenha e análise de 1984, de George Orwell”