
Antes de começar a análise da obra, eu te convido a conhecer e apoiar o conteúdo criado para o blog, em especial para o Projeto Fuvest, através da minha campanha no APOIA.SE.
SOBRE A AUTORA E A OBRA
Cecília Meireles nasceu no dia 07 de janeiro de 1907 no Rio de Janeiro. Perdeu seus pais ainda muito pequena e foi criada por sua avó Jacinta Garcia Benevides. Em 1917, a autora se formou como professora e, em seguida passou a dedicar o seu aprendizado a línguas, música e a cultura oriental.
Até o ano de 1934, Cecília dirigiu o Diário de Notícias, no qual publicava matérias voltadas à reforma educacional, sendo este um assunto muito discutido na época. Neste mesmo ano, ela fundou no bairro de Botafogo, a Biblioteca Infantil, local em que havia a promoção de eventos culturais.
Em 1940, a autora lecionou literatura e cultura brasileira na Universidade do Texas e em 1942, fez parte da equipe do jornal A Manhã, escrevendo matérias inerentes ao folclore infantil.
Na vida pessoal, a autora foi casada por duas vezes, sendo seu primeiro casamento com o pintor Fernando Correia Dias e após o falecimento do mesmo, veio a se casar com o também professor Heitor Vinícius da Silveira Grillo.
Com relação a sua obra, o seu primeiro livro de poesia, Espectros foi publicado em 1919. Todavia, Cecília Meireles é considerada uma autora do segundo período do modernismo (1930-1945), contudo, ela possui uma voz própria, isto é, sua poesia não segue a produção literária da época, como os poemas escritos em versos livres e com a utilização de um português coloquial.
A autora produz seus poemas com a presença marcante da musicalidade, métrica e rima. E, é através destas características que a autora aborda em seus escritos temas como a dualidade entre o que é efêmero (aquilo que é passageiro) e o eterno, sendo assim considerada neossimbolista (escrita composta por elementos místicos, espirituais e transcendentais).
Em novembro de 1964, a autora veio a falecer e no ano seguinte recebeu (postumamente), o prêmio Machado de Assis pelo conjunto de sua obra.
SOBRE O ESTILO NARRATIVO
No que tange especificamente a obra Romanceiro da Inconfidência, Cecília viajou para a cidade de Ouro Preto em 1945, a fim de pesquisar sobre o tema, objeto do seu livro.
Nota-se, portanto, que a ideia do livro em análise surgiu anos antes de sua publicação, ocorrida em 1953. O trabalho de pesquisa da autora consistiu na visita de todos os pontos e cidades marcadas pela Inconfidência Mineira, bem como de uma pesquisa histórica aprofundada.
Para passar aos leitores a sua ideia, Cecília Meireles se utilizou da técnica do romanceiro, uma forma poética, lírica e narrativa dividida em romances. Esta forma de escrita era muito utilizada no período medieval português.
Composto por 85 romances e poemas de introdução e finalização, como são os casos dos cenários e das falas. A obra conta com um eu- lírico diverso, capaz de dar voz a pessoas históricas conhecidas e outras desconhecidas, mas que passam a visão do modo de vida da época narrada.
Como dito anteriormente, os romances contam com ritmo, aqui visto como equivalente a musicalidade devido a predominância de rimas nos poemas e de métrica, composta de versos heptassílabos e pentassílabos.
CONTEXTO HISTÓRICO E CULTURAL
Para se entender a obra escrita por Cecília Meireles, se faz necessário o prévio conhecimento do ciclo da mineração, especialmente, a forma de tributação adotada pela Coroa Portuguesa, que consistia na cobrança de uma cota anual de 100 arrobas calculadas em cima do ouro extraído.
No início da exploração, era possível o cumprimento da tributação imposta, todavia, com o tempo, o ouro foi ficando cada vez mais escasso, logo, a cota anual foi deixando de ser paga integralmente, o que gerou a desconfiança da Coroa Portuguesa, de que a queda da arrecadação não era ligada ao fato da escassez do ouro, mas sim, a corrupção e desvio de verbas.
Foi dessa desconfiança, que surgiu a derrama, que consistia na constrição de bens da população como complemento para a integralidade da cota anual de 100 arrobas. Este instrumento de confisco foi usado somente uma vez, pois nas demais tentativas, a sua execução sempre restou frustrada, devido a impossibilidade do pagamento das dívidas negociadas.
Aqui, devo mencionar que alguns membros da elite mineira foram extremamente beneficiados com a exploração do ouro, bem como pelo esquema de corrupção existente na época. Tais membros possuem nome, sobrenome e até poemas sobre eles, sendo estes Joaquim Silvério dos Reis e Rodrigues de Macedo.
Portugal continuava insatisfeita com a baixa arrecadação em sua colônia e forçando ao máximo uma postura mais rigorosa na forma de cobrança das dívidas, incitou o povo mineiro, especialmente a elite, o sentimento de revolta em busca da independência de Minas Gerais em relação a Portugal, bem como se livrar do pagamento da dívida.
Ressalto, que nesta época, não havia a ideia de independência da nação, pois cada Estado (Capitania) era independente entre si.
A inspiração para esta revolução e busca pela independência, vieram dos ideais iluministas, que serviram de base para a Revolta das Treze Colônias nos EUA diante da Inglaterra e posteriormente para a Revolução Francesa.
Cumpre frisar que além do Iluminismo, também era difundida a ideia do Arcadismo, que consiste na retomada da cultura clássica, como os poetas latinos Virgílio e Horácio, de onde tiraram o lema da Inconfidência “Liberdade, ainda que tarde”, incorporado à bandeira atual do Estado de Minas Gerais.
Os inconfidentes eram:
Representando o clero/igreja: os padres José da Silva e Oliveira Rolim, Manuel Rodrigues da Costa, Carlos Correia de Toledo e Melo e o cônego Luís Vieira da Silva;
Representando o Exército: o capitão José de Resende e Costa, o sargento-mor Luís Vaz de Toledo Pisa;
Representando os intelectuais, poetas e juristas: Cláudio Manuel da Costa, Tomás Antônio Gonzaga;
Representando a elite mineira e proprietários de terras: João Rodrigues de Macedo, Domingos de Abreu Vieira, Alvarenga Peixoto e Joaquim Silvério dos Reis;
Representando o grupo mais humilde (entenda como humilde o que tinha menos posses quando comparado aos outros Inconfidentes): o alferes Joaquim José da Silva Xavier, mais conhecido como Tiradentes.
SOBRE O ENREDO
A coletânea de poemas está dividida em cinco partes:
Primeira parte (fala inicial, cenário e romances 1 a 19)
Inicia-se com a fala inicial, na qual a poeta aborda a execução de Tiradentes, seguido de um retrospecto do cenário da Inconfidência/Conjuração Mineira. Nesta primeira parte, nós acompanhamos a descoberta do ouro, bem como observamos a ganância e ambição do homem por este metal nobre.
Fala inicial: Aduz sobre a execução de Tiradentes “Ó meio-dia confuso, ó vinte e um de abril sinistro”. Lembrando, que Tiradentes foi executado em 21/04/1792 no Rio de Janeiro.
Cenário: A poeta nos apresenta Minas Gerais, passeando pelo cenário/palco da Inconfidência Mineira e condenação de Tirandentes: “por onde o passo da ambição rugia; por onde se arrastava, esquartejado, o mártir sem direito de agonia.”
Dos romances desta primeira parte, cito alguns que retratam fidedignamente a ambição e sua consequência e o trabalho escravo na busca insaciável pelo ouro :
Romance I ou da Revelação do Ouro: A poeta questiona a natureza (riachos, montanhas), sobre a exploração de Ouro Preto por gerações de homens em busca do ouro:
“Selvas, montanhas e rios estão transidos de pasmo. É que avançam, terra a dentro, os homens alucinados. Levam guampas, levam cuias, levam flechas, levam arcos; atolam-se em lama negra, escorregam por penhascos, morrem de audácia e miséria, nesse temerário assalto, ambiciosos e avarentos, abomináveis e bravos, para fortuitas riquezas estendendo inquietos braços, – os olhos já sem clareza, – os lábios secos e amargos.”
“Que a sede de ouro é sem cura, e, por ela subjugados, os homens matam-se e morrem, ficam mortos, mas não fartos.”
Romance II ou do Ouro Incansável: Trata da disputa de todos (reis, nobres, pobres, famílias, ladrões, contrabandistas) pelo ouro e dessa ambição surge a necessidade da exploração. Todavia, desta cobiça pelo ouro, surgem mortes, rivalidades e prisões:
“Mil bateias vão rodando sobre córregos escuros; a terra vai sendo aberta por intermináveis sulcos; infinitas galerias penetram morros profundos. De seu calmo esconderijo, O ouro vem, dócil e ingênuo; torna-se pó, folha, barra, prestígio, poder, engenho. É tão claro! – e turva tudo: honra, amor e pensamento.”
Romance IV ou da Donzela Assassinada: Conta-nos sobre uma jovem donzela apaixonada por um rapaz pobre e de origem humilde. Seu pai não aceitava este sentimento da menina e a mata com um punhal:
“Se voasse o meu lencinho, grosso de sonho e de sal, e pousasse na varanda, e começasse a contar que morri por culpa do ouro – que era de ouro esse punhal que me enterrou pelas costas a dura mão de meu pai – sabe Deus se choraria quem o pudesse escutar, – se voasse o meu lencinho e se pudesse falar, como fala o periquito e voa o pombo torcaz…”
Romance VI ou da Transmutação dos metais: mostra a grande expectativa pela chegada dos baús com ouro a Portugal e Espanha, todavia, ao despregar os baús viram que o ouro foi substituído por outros metais como o chumbo. Assim, os monarcas enfurecidos, querem fazer justiça frente à traição sofrida.
Romance VII ou do negro das Catas: narra o trabalho dos negros escravizados na procura insaciável pelo ouro. “Já se ouve cantar o negro. Chora neblina, a alvorada. Pedra miúda não vale: liberdade é pedra grada…”
Romance VIII ou do Chico-Rei: Continua com a busca incansável pelo ouro em nome do Rei, sendo tal metal destinado única e exclusivamente para Portugal. “Tigre está rugindo nas praias do mar. Vamos cavar a terra, povo, entrar pelas águas: O Rei pede mais ouro, sempre, para Portugal.”
Romance XII ou de Nossa Senhora da Ajuda: Súplica de sete crianças à Santa, pois um deles (Joaquim José) será condenado à forca, em razão do ouro. “(Agora são tempos de ouro. Os de sangue vêm depois. Vêm algemas, vêm sentenças, vêm cordas e cadafalsos, na era de noventa e dois.)”
Romance XIII ou do Contratador Fernandes: Conta a história da chegada do Conde Valadares a Serro Frio, a fim de perseguir o Contratador José Fernandes, tendo em vista que o mesmo é possuidor de terras em que há ouro e diamantes:
“Deste Tejuco não volto sem ter metade das lavras, metade das lavras de ouro, mais outro tanto das catas; sem meu cofre de diamantes, todos estrelas sem jaça, – que para os nobres do Reino é que este povo trabalha!” Todavia, o Contratador Fernandes, mais astuto que o Conde, conseguiu induzir o Conde a ser seu amigo e parceiro no ouro. “Mas, depois de fruta e doce, colocam diante do Conde uma terrina ampla e funda, para que os dedos distraia de saudades e de angústias. Agora, o jovem fidalgo descerra a máscara astuta: entre suspiro e sorriso, toma nas mãos e calcula os folhelhos de ouro, e acalma a fingida desventura. (Ai, ouro negro das brenhas, ai, ouro negro dos rios… Por ti trabalham os pobres, Por ti padecem os ricos. Por ti, mais por essas pedras que, com seu límpido brilho, mudam a face do mundo, tornam os reis intranquilos! Em largas mesas solenes, vão redigindo os ministros cartas, alvarás, decretos, e fabricando delitos.”
Romance XIV ou da Chica da Silva e Romance XV ou das cismas de Chica da Silva: Apresenta-nos Chica da Silva “a dona do dono de Serro do Frio”, sendo este o Contratador José Fernandes. Chica demonstra certa desconfiança com as intenções do Conde Valadares para com o Contratador. José Fernandes tenta tranquilizá-la alegando que o Conde foi “comprado” com o ouro. “- Eu neste Conde não creio; com seus modos não me iludo; detrás de suas palavras, anda algum sentido oculto. Os homens, à luz do dia, olham bem, mas não vêem muito: dentro de quatro paredes, as mulheres sabem tudo. Deus me perdoe, mas o Conde vem cá por outros assuntos.”
Romance XVI ou da Traição do Conde: Mostra que a cisma de Chica da Silva tinha um fundo de verdade, tendo em vista que José Fernandes foi traído pelo Conde, já cheio de ouro. “Fala o Conde de má morte: – Ordens são, que hoje recebo… Fala o Conde mui fingido: – Padece por vós meu zelo: de um lado, o dever de amigo, mas, de outro, a lealdade ao Reino… João Fernandes não responde: ouve e recorda em silêncio o que lhe dissera a Chica, em tom de pressentimento.”
Romance XVII ou das lamentações no Tejuco: Com a traição do Conde, todos lamentam a prisão de José Fernandes. “Maldito o Conde, e maldito esse ouro que faz escravos, esse ouro que faz algemas, que levanta densos muros para as grades das cadeias, que arma nas praças as forcas, lavra as injustas sentenças, arrasta pelos caminhos vítimas que se esquartejam!”
Segunda parte (cenário, fala e romances 20 a 47)
Revela a preparação para a Inconfidência/Conjuração Mineira, com a descrição das ideias liberais e iluministas, as reuniões preparatórias de seus membros, a atividade de divulgação das ideias dos Inconfidentes pelas ruas de Minas Gerais feita por Tiradentes, testemunhas e delatores, com acusações em fatos não presenciados, mas com o poder de condenar os Inconfidentes.
Cenário: Um olhar saudosista para o passado, no qual o cenário é o mesmo e ao mesmo tempo diferente devido a toda a história lá vivida.
Fala à antiga Vila Rica: Sobre as falas e discursos já passados e não mais escutados no presente pela cidade de Vila Rica.
Dos romances desta segunda parte, cito alguns que demonstram esta movimentação rumo a Conjuração Mineira:
Romance XXIV ou da bandeira da inconfidência: Planejamento da conjuração. É neste poema que escutamos o lema da bandeira de Minas: Liberdade ainda que tarde. Obviamente, os inconfidentes já são considerados réus, devido aos atos praticados.
Romance XXVI ou da semana santa de 1789: É a preparação para o pior, as prisões, sentenças, forca e mortes. “Pois o amor não é doce, pois o bem não é suave, pois amanhã, como ontem, é amarga, a Liberdade.”
Romance XXVII ou do animoso Alferes: Poema que fala de Tiradentes, chamado aqui de Alferes, prestes a ser preso, interrogado e sentenciado:
“venham já soldados que a prender se apressem; venham já meirinhos que os bens lhe sequestrem; venham, venham, venham. – que sua alma excede escrivães, carrascos, juízes, chanceleres, frades, brigadeiros, maldições e preces!” “Falas sem sentido acaso repete, – pois sente, pois sabe que já se acha entregue. Perguntas, masmorras, sentença… Recebe tudo além do mundo…”
Romance XXVIII ou da denúncia de Joaquim Silvério, Romance XXIX ou das velhas piedosas e Romance XXXIV ou de Joaquim Silvério: fala sobre a carta escrita por Joaquim Silvério denunciando os inconfidentes, em troca de mais terras e mais poder.
Romance XXXVI ou das sentinelas: fala da iminência da prisão de Tiradentes pelos sentinelas que estão à sua espreita e encalço.
Romance XXXVII ou de Maio de 1789: A continuação da perseguição, no mês de Maio de 1789, por Tiradentes e outros inconfidentes como Gonzaga e Alvarenga, Toledo e a busca por Cláudio, bem como a apreensão do povo pela movimentação dos sentinelas.
Romance XXXVIII ou do embuçado: A perseguição pelos inconfidentes através do interrogatório do povo.
Romance XLIII ou as conversas indignadas: Devido ao movimento da inconfidência, iniciou-se a fuga de parentes, amigos e até dos próprios inconfidentes, exceto Tiradentes, tido como o louco alferes.
Romance XLIV ou da testemunha falsa: necessidade de testemunha falsa para condenar os inconfidentes; “- Todo coberto de medo, juro, minto, afirmo, assino. Condeno. (Mas estou salvo!) Para mim, só é verdade aquilo que me convém.”
Terceira parte (romances 48 a 64)
Com a delação dos Inconfidentes, narrada na segunda parte, aqui, nós acompanhamos a morte de Cláudio Manuel da Costa e a de Joaquim da Silva Xavier, o Tiradentes, que constituem a essência da terceira parte.
Romance XLIX ou de Cláudio Manuel da Costa: trata da morte por envenenamento de Claudio, um dos membros da Inconfidência. O corpo dele nunca foi encontrado.
Romance LIII ou das palavras aéreas: trata da força das palavras que podem decidir a vida de homens, através de palavras ditas ou escritas por outros homens, podem chegar em outras colônias portuguesas e até em Portugal.
Romance LV ou de um preso chamado Gonzaga: um dos juristas Inconfidentes, todavia, mesmo sendo conhecedor das leis, ele foi incapaz de se libertar da prisão.
Romance LIX ou da reflexão dos justos: reflexão pela luta de Tiradentes da defesa dos ideais dos Inconfidentes e a ausência de apoio de seus próprios colegas e do povo em sua prisão.
Romance LX ou do caminho da forca: um dos poemas mais emblemáticos do livro, trata do caminho para forca de Tiradentes, assistido por todos no Rio de Janeiro, inclusive por Dona Maria I.
Quarta parte (romances 65 a 80)
Concentra-se na condenação de outros Inconfidentes, quais sejam, Tomás Antônio Gonzaga e Alvarenga Peixoto. Ambos foram condenados ao degredo, isto é, ao exílio de sua pátria para um local fixado, neste caso Moçambique.
Romance LXVI ou de outros maldizentes: sobre a prisão de Tomas Antônio Gonzaga e do sequestro dos bens de sua propriedade, como é o caso das esporas de prata que são objeto de leilão. No final do poema, comenta-se sobre o seu exílio na África, especificamente para Moçambique.
Romance LXXI ou de Juliana de Mascarenhas e Romance LXXIII ou da inconformada Marília: Em Moçambique, Tomas Antônio Gonzaga conhece Juliana Mascarenhas, filha de um riquíssimo comerciante de escravizados. Com ela vem a contrair matrimônio, deixando no passado, o amor que nutria por Dorotéia Seixas, a pastora Marília.
Fala à Comarca do Rio das Mortes: relata o abandono da flora, fauna, das casas após a Inconfidência e a escassez do ouro.
Romance LXXVIII ou de um tal Alvarenga, Romance LXXIX ou da morte de Maria Ifigênia e Romance LXXX ou do enterro de Bárbara Heliodora: um dos inconfidentes que teve sua vida marcada por perdas. A primeira, a perda da pátria, devido ao degredo, a segunda a morte de sua filha Maria Ifigênia e de sua esposa Bárbara Heliodora (provavelmente por tuberculose).
Quinta parte (romances 81 a 85)
A quinta parte nos apresenta um cenário pós-inconfidência mineira, com a descrição de D. Maria I – a Rainha Louca, vinte anos após a condenação dos inconfidentes no Rio de Janeiro e o desfecho da obra.
Romance LXXXII ou dos passeios da Rainha louca e Romance LXXXIII ou da rainha morta: passeios da rainha pelo Rio de Janeiro, mesma cidade em que foi morto Tiradentes. “Toda vestida de preto, solto o grisalho cabelo, escondida atrás do leque, velhinha, a chorar de medo, Dona Maria Primeira passeia pela cidade.”
Romance LXXXIV ou dos cavalos da inconfidência: participação dos cavalos em vários momentos da Conjuração Mineira, que assim como os Inconfidentes, todos eles agora estão mortos e desaparecidos.
“Eles eram muitos cavalos, – rijos, destemidos, velozes – entre Mariana e Serro Frio, Vila Rica e Rio das Mortes. Eles eram muitos cavalos, transportando no seu galope coronéis, magistrados, poetas, furriéis, alferes, sacerdotes. E ouviam segredos e intrigas, e sonetos e liras e odes: testemunhas sem depoimento, diante de equívocos enormes.
Eles eram muitos cavalos: e uns viram correntes e algemas, outros, o sangue sobre a forca, outros, o crime e as recompensas. Eles eram muitos cavalos: e alguns foram postos à venda, outros ficaram nos seus pastos, e houve uns que, depois da sentença levaram o Alferes cortado em braços, pernas e cabeça. E partiram com sua carga na mais dolorosa inocência.”
POSSÍVEIS QUESTÕES PARA O VESTIBULAR
A minha dica principal é estudar a Conjuração/Inconfidência Mineira para a resolução das questões, caso você não tenha tempo ou não queira ler o livro.
Caso você venha a fazer a leitura de o Romanceiro da Inconfidência, tente assistir alguns vídeos no Youtube ou resumos sobre o tema, pois o prévio conhecimento deste momento histórico é essencial para entender a obra e interpretar as questões propostas.
SOBRE A MINHA EXPERIÊNCIA DE LEITURA
Já falei várias vezes por aqui que poesia não é o meu gênero favorito, mas com a leitura deste livro, eu fui capaz de apreciar o que eu senti falta nos outros livros de poesia cobrados no Vestibular da Fuvest, a musicalidade, a rima e até da métrica.
Dos livros cobrados, a única obra que chega perto deste tipo de escrita é Poemas Escolhidos de Gregório de Matos, que confesso não foi um livro nada fácil de ser lido e apreciado.
Achei um livro muito bem escrito e fiel ao momento histórico retratado, mas em alguns momentos, eu o achei um pouco cansativo. Contudo, não me impediu de ir até o fim da leitura.
Um beijo e até o próximo post!!