Resenha e análise de Felicidade Conjugal, de Liev Tolstói

Capa do livro publicado pela Editora 34

SOBRE A OBRA

Última leitura feita em 2021 e devidamente favoritada, Tolstói assim como em A morte de Ivan Ilitich, não decepcionou!!

Na verdade, ouso dizer que em Felicidade Conjugal, o autor foi além, tendo em vista a apresentação de uma narrativa em primeira pessoa, pela perspectiva de uma mulher em pleno século XIX, bem como na época em que esta novela foi escrita (1859), Tolstoi ainda não era casado. 

Logo, meus caros, esse homem sabia de fato o que ele estava escrevendo, como passarei a relatar, pois ô novelinha com força de um baita de um romance/calhamaço viu?!?!

SOBRE O ENREDO

Como dito anteriormente, a história em tela é dividida em duas partes, sendo narrada por Mária, uma jovem de dezesseis / dezessete anos, no qual ainda de luto por sua mãe, ela, Kátia (sua governanta) e Sônia (sua irmã caçula) estão morando no campo. Nas primeiras páginas, nós vemos que a tristeza permeia a todas na casa e que a vida de Mária parece sem sentido.

Até que um dia, elas recebem a visita de um amigo de seu falecido pai, Sierguiéi, um vizinho da família e que devido a morte dos genitores de Mária, atua como tutor da propriedade de sua família. A pessoa de Sierguiéi para a nossa protagonista tinha uma importância especial, pois sua mãe dizia a ela que gostaria de um homem como ele para ser seu marido.

À medida que Sierguiéi as visitava no campo, Mária foi mudando o seu comportamento, como forma de amadurecimento em suas atitudes, ao tempo que a tristeza do luto ia embora e dava lugar a alegria. Além disso, nós vemos o primeiro despertar de Mária ao amor.

É lindo acompanhar o amor florescendo e sendo correspondido: “Ele não era mais um velho tio, que me acarinhara e me orientara, era uma pessoa igual a mim, que me amava e me temia e a quem eu também amava e temia.”

Nossa narradora tinha certeza do amor como sentimento, pois a vida lhe mostrava como compartilhar este amor por outras pessoas e por si mesma: “Eu sorria, rezava, chorava e amava tão ardentemente, tão apaixonadamente, nesses momentos, a todos no mundo e a mim mesma.”

E diante desse sentimento, nós tivemos a declaração de amor mais feroz, mais real e mais linda já narrada (se você gostou de Mr. Darcy com Elizabeth Bennet imagina o que você, como leitor, achará deste trecho).

No último capítulo da primeira parte, nós acompanhamos os preparativos para o casamento, os medos, anseios e a expectativa para o grande dia. A data chega e passa rápido demais para o novo casal, o que deixa Maria assustada em um primeiro momento, mas não o bastante para afastar as convicções de seu sentimento e pertencimento à Sierguiéi.

A segunda parte se inicia após dois meses de casamento, Mária relata os sentimentos ainda em alta e a rotina diária no campo. Todavia, há os primeiros apontamentos sobre a vida a dois, sobre a diferença de idade entre o casal e, principalmente, se os sentimentos vivenciados hoje perdurarão pelo resto da vida.

Além de tais questionamentos, nós acompanhamos uma mudança de cenário, sendo esta a saída do campo para São Petersburgo. É neste ponto que vislumbramos o afastamento do casal. 

Mária fica deslumbrada com a vida na cidade, com as pessoas que conhece, com os bailes e recepções. Por outro lado, temos um Serguiéi ranzinza, ciumento e contrário ao comportamento de sua esposa perante as suas obrigações conjugais e familiares.

Deste ponto, as discussões entre o casal aumentam, o que põe à prova o amor e a felicidade conjugal. Obviamente, pararei aqui com meu relato, pois quero que você dê uma chance a este livro fantástico e tenha sua própria experiência de leitura.

SOBRE A MINHA EXPERIÊNCIA DE LEITURA

Sobre a minha experiência literária, só posso dizer que o autor escreve com maestria e fidedignamente os ciclos de uma relação. 

Na verdade, através deste livro, ele descreveu as várias facetas da paixão, do desejo, da desilusão com certas idealizações que temos sobre a vida a dois, bem como, a capacidade que o tempo e o diálogo possuem para dar lugar a um amor mais tranquilo, sereno e maduro.

Como casada, só posso dizer que não tem como (e nem recomendo) lutar todas as batalhas que queremos, pois é necessário aprender a ceder, a ouvir e saber ser ouvido e a falar com a melhor calma que você pode ter no momento (caso não tenha espere a poeira baixar para conversar, caso contrário, você vai falar certas coisas com o único e exclusivo objetivo de magoar o próximo). Se você conseguir isso, aí sim, você alcançará a verdadeira felicidade conjugal.

Por fim, mas não menos importante, deixo como sugestão a peça musical tocada por Mária no início e ao final do livro, denominada Sonata ao luar de Beethoven, interpretada pelo saudoso pianista brasileiro Nelson Freire. 

Posso estar viajando, mas a cadência e musicalidade do primeiro movimento desta peça combina perfeitamente com o desenvolvimento do amor entre o casal de protagonistas. Logo, reforço a leitura desta obra, bem como a sonata!!

Um beijo e até o próximo post!

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