Centenário da semana de arte moderna

Post especial aqui no blog em comemoração ao centenário da semana de arte moderna, que ocorreu entre os dias 13 e 18 de fevereiro de 1922, no Teatro Municipal de São Paulo (este mês, o Teatro está com uma programação especial em virtude do centenário). 

Antes de adentrar no tema principal deste post, gostaria que você tivesse em mente o significado e a importância de se saber (mesmo que de forma sucinta) sobre o movimento das vanguardas.

A palavra vanguarda é de origem francesa (avant-garde), cujo significado é o que marcha na frente. Logo, podemos entender este movimento de vanguarda como a reunião de pessoas que apresentam práticas inovadoras nos campos artístico e literário. Tais práticas têm como base as tendências do futuro e através deste olhar, os artistas são capazes de “antecipar” esta visão para o momento presente (movimento futurista).

Na Europa (tendo como centro cultural na época a cidade de Paris), o movimento de vanguarda surgiu no início do século XX e perdurou após a Primeira Guerra Mundial. Ressalte-se que, não houve uma arte moderna uniforme no continente europeu, mas um conjunto de tendências artísticas de vários países, com traços em comum, como o sentimento de liberdade criadora e o desejo de romper com o passado. 

Já no Brasil, o movimento de vanguarda iniciou-se oficialmente em 1922, com a realização da Semana de Arte Moderna. Porém, desde a década de 1910 já vinham ocorrendo manifestações artísticas de um grupo que formava a vanguarda modernista brasileira, entre eles os escritores Mário de Andrade, Oswald de Andrade, Ronald de Carvalho, Manuel Bandeira, Juó Bananére (pseudônimo de Alexandre Marcondes Machado), dos pintores Anita Malfatti e Di Cavalcanti, bem como do escultor Victor Brecheret.

Até hoje não se sabe ao certo quem foi o autor da ideia referente a realização da semana de arte moderna em São Paulo. Todavia, existem registros de que Oswald de Andrade firmou a promessa de que no ano do centenário da Independência do Brasil, isto é, em 1922, haveria uma ação dos artistas e escritores para colocar em prática os preparativos inerentes a essa semana tão marcante.

O evento contou com um discurso inaugural do escritor Graça Aranha, intitulado “A emoção estética da arte moderna”, bem como com a participação de artistas do Rio de Janeiro e de São Paulo, os quais foram apresentados para o público em geral leituras de poemas (Guilherme de Almeida e Ronald de Carvalho),  música (Ernâni Braga e Villa-Lobos), bem como artes plásticas (Anita Malfatti, Vicente do Rego Monteiro, Zina Aita, Di Cavalcanti, Harberg, Brecheret, Ferrignac e Antonio Moya).

As obras apresentadas causaram diversas reações ao público, isto é, houveram  vaias, aplausos, gritos e até latidos. Inclusive, o escritor Mário de Andrade fez, em meio a caçoadas e ofensas, uma pequena palestra sobre as artes plásticas ali expostas. 

Em uma visão isolada, a semana de arte moderna não causou tanto impacto na época, pois os jornais pouco publicaram sobre o evento, bem como a opinião pública ficou distante ou até mesmo indiferente a ação dos artistas, tendo em vista a inexistência de um projeto artístico comum.

Todavia, nos tempos atuais, a semana de arte moderna possui enorme importância histórica, devido à concentração das várias tendências de renovação da cultura brasileira com o objetivo de combater a arte tradicional.

Ademais, o evento em tela conseguiu chamar a atenção dos meios artísticos de todo o país, servindo até mesmo como meio para aproximar artistas com ideias modernistas que não pertenciam ao eixo São Paulo – Rio de Janeiro. Foi através deste movimento que houve o intercâmbio de ideias e técnicas no campo da literatura, da música e da arte, fazendo com que criássemos uma visão e até mesmo uma identidade própria sobre o significado destas áreas na cultura brasileira.

Logo, tudo o que existe hoje no campo da literatura, das artes plásticas, da música e do cinema está de alguma forma relacionado às propostas e às experiências desenvolvidas pela arte moderna no começo do século XX. 

Compreender a arte moderna implica conhecer o conjunto de transformações que ocorreram nesse período (o desenvolvimento científico e tecnológico e a Primeira Guerra Mundial), e a forma de ver e sentir o mundo que delas resultou. 

Por fim, deixo o direcionamento para um vídeo no YouTube da Editora Antofágica sobre curiosidades da semana de arte moderna.

Um beijo e até o próximo post!

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